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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ENTREVISTA COM O PROF. ALBERTO LAZZARONI IDEALIZADOR DO CLUBE DE CIÊNCIAS CIEP 449 BRASIL FRANÇA




1-        Quais suas expectativas ao idealizar e fundar o clube de ciências?
A ideia de criar um clube de ciências sempre esteve presente na minha cabeça desde que me iniciei no magistério. Queria ser capaz de disponibilizar para os meus alunos algo que não tive enquanto estudante. A minha principal expectativa era a de criar na escola um espaço no qual professores, alunos e comunidade pudessem se reunir para discutir a ciência em seus aspectos mais amplos e diversos.

2-        Quais aspectos te surpreenderam positivamente e quais aspectos não atenderam suas expectativas?
O que mais me surpreendeu positivamente foi o fato de ter conseguido trazer à escola, durante as atividades do clube, pesquisadores renomados de diferentes instituições, com os quais os alunos dificilmente teriam contato se o clube não existisse. Outro aspecto importante foi ter conseguido criar, em parceria com o professor Robson Martins (Artes), o projeto Fossilizarte que, devido às diversas atividades que fizemos em diferentes instituições, deu visibilidade ao clube assim como à escola e com o qual fomos selecionados como finalistas para o Prêmio Shell de Educação Científica de 2017. Dentro daquilo que não atendeu às minhas expectativas posso citar a não realização de mais projetos, a falta de autonomia e proatividade por parte dos clubistas bem como a falta de uma melhor articulação do clube com outros projetos e eventos realizados na escola.

3-        Quais os principais obstáculos enfrentados na fundação e ao longo do funcionamento do clube?
No meu entendimento o principal obstáculo (e esse não temos como mudar) é o fato da escola ser integral e os alunos não terem tempo extra para se dedicar às atividades do mesmo (não existe contraturno). Um outro obstáculo é que, a despeito de todo o apoio que recebemos da direção da escola, não temos verba própria nem patrocínio. Isso dificulta muito a realização de algumas atividades, em particular as externas, que a meu ver são muito importantes nesse tipo de trabalho. Outros obstáculos foram a desistência de alguns professores em participar do clube (bem como de alguns alunos) e também o fato de alguns clubistas não se demonstrarem proativos, ficando sempre numa posição de esperar as determinações e não a de buscar soluções ou opções para o funcionamento do clube.  

4-        Quais suas aspirações futuras para o clube?
Não quero ter muitas aspirações pois existe também a possibilidade de me frustrar. No entanto, o que mais desejo (falo isso para todos os clubistas até de forma repetitiva) é que sejamos capazes de produzir mais projetos e que o clube se torne cada vez mais independente da minha participação. Quero muito ter a oportunidade de chegar na escola e ser surpreendido por eles dizendo que convidaram fulano, acertaram uma oficina com sicrano e assim por diante. O clube não pode ser de uma pessoa só e sim de toda a comunidade escolar.

5-        Como imagina que o clube de ciências pode contribuir na formação dos alunos e dos licenciandos?
Acho o clube benéfico para todos. Para os alunos da escola é uma grande oportunidade para se ter o contato inicial com a ciência, a forma como ela é fundamentada, através da leitura e discussão de artigos científicos bem como participando de oficinas e palestras ministradas por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Para os licenciandos a participação no clube também traz um grande aprendizado por lhes introduzir no ambiente escolar, palco de sua atuação futura, com uma dinâmica diferente daquela da abordagem conteudista tradicional. Isso, certamente, é um grande ganho na formação inicial de um docente.
6-        Como professor, nota que seus alunos clubistas tiveram alguma mudança de comportamento em sala de aula? Houve alteração no comprometimento com os estudos?
Não consigo quantificar isso (ainda) mas é inegável que todos aqueles que participam do clube estão mudando seu comportamento e seu olhar, não só em relação aos estudos e à escola propriamente dita mas também em relação à outras questões envolvendo a nossa sociedade. Percebe-se rapidamente, através das conversas que estabelecemos, do discurso e da postura deles, que participar do clube está fazendo sim uma grande diferença em suas vidas.

7-        O clube te trouxe novos olhares sobre aspectos educacionais ou sociais?
Me considero um professor (e um ser humano também) que desde sempre procurou estar envolvido nas discussões à sua volta. Não tenho o perfil de me omitir em nada e acho que podemos (e devemos) nos envolver em tudo que diga respeito ao nosso futuro, tanto no plano pessoal quanto no social. Dito isto, percebo que o clube certamente influenciou (e continua influenciando) no meu pensar e no meu agir. Até por conta do seu perfil agregador (reunindo várias áreas da ciência) e democrático, a cada atividade do clube temos sempre algo novo que aprendemos e que nos serve de lição e inspiração.

8-        Acredita que este é um espaço transformador e passível de ser implantado em todos os sistemas de escola?
Não só acredito como estou trabalhando nesse sentido. Minha ideia é levar um clube de ciências para cada unidade escolar do nosso país. Através deles, poderemos estreitar esse abismo sócio-cultural em que vivemos. Acredito piamente que um clube de ciências seja o passaporte através do qual construiremos uma sociedade mais justa e igualitária.


terça-feira, 22 de outubro de 2019