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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Clube de Ciências na Pavuna


A profa. Patricia da Silva está mudando a realidade de jovens da periferia do Rio de Janeiro com a criação de um clube de ciências na Escola Municipal Telêmaco Gonçalves Maia, onde leciona na Pavuna.

Patrícia, como ela mesma se define, é uma mulher "preta, pobre, filha de nordestino e nortista, moradora da Baixada Fluminense, formada pela escola pública, ex-aluna de pré-vestibular comunitário e favorecida pelos projetos de  governos anteriores de abertura da universidade pública para os pobres".

Confira, no link abaixo, mais detalhes dessa mulher guerreira e do clube que ela criou.



http://www.ibrag.uerj.br/index.php/noticias/501-aproximando-a-academia-da-escola-professora-do-ibrag-desenvolve-atividades-do-clube-de-ciencias-em-escola-municipal-da-pavuna-desde-2012.html

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Um clube de ciências e a decisão de ser cientista.



Apresento a seguir a entrevista, na íntegra, com a profa. Leticia de Oliveira da Universidade Federal Fluminense (UFF) na qual ela relata o papel definitivo que um clube de ciências teve na vida dela. Para saber mais sobre a profa. Leticia, acesse o link do CV dela na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/5707289165104926. 

1) Profa. Letícia, qual é o nome da escola na qual a senhora estudou e que havia o clube de ciências? Qual é a cidade e quais foram os anos em que participou? Essa escola e esse clube ainda existem? Se sim, a senhora mantém contato com eles?
Com treze anos, na 8ª série, comecei a frequentar a escola, que se chamava Escola Estadual de Primeiro e Segundo grau Arlindo de Andrade Gomes, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Eu adorava a escola e era bastante participativa em todas as atividades. No primeiro ano do segundo grau (hoje ensino médio), um professor novo de química entrou na escola, o professor Ivo Leite Filho, jovem recém-formado na Universidade. Lembro que em sua primeira aula para minha turma, eu sugeri que trabalhássemos para a construção de um laboratório na escola. Ele, a princípio, não deu muita importância e eu lembro de ter pensado que ele não tinha o perfil para este tipo de empreitada. Eu não poderia estar mais errada. Em 1988, com a participação de alunos da minha turma, e de outras, sob a condução do prof. Ivo, fundou-se o Clube de Ciências e Cultura Paiaguás.

Figura 1 – Letícia (à esq.) na III  Feira Internacional de Ciência e Tecnologia Juvenil – Blumenau/SC  (22 a 26 de novembro de 1988).

A escola ainda existe e possui um laboratório que foi construído na época do clube de ciências. Conseguimos esta realização! Fiz uma visita recente à escola e foi muito emocionante lembrar de todos os momentos que vivemos na fundação e consolidação do clube de ciências.  O professor Ivo saiu da escola anos depois para ampliar sua atuação em clubes de ciência e feiras de ciência no Brasil. Ele coordena desde 2011 a FETECMS-Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul, FETECCMS Junior e EXPOCIÊNCIA CENTRO-OESTE. É professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e atualmente é Coordenador-Geral de Popularização da Ciência no Ministério de Ciência, Tecnologia, inovações e comunicações. Continua coordenando um clube de ciências vinculado à Universidade. Destaco que eu e Ivo mantemos contato até os dias atuais. Acompanho com muito orgulho o desenvolvimento do trabalho dele, dando espaço a tantas crianças e adolescentes em feiras de ciências nacionais e internacionais. Um trabalho incrível. Até hoje, a primeira mensagem de parabéns no dia de meu aniversário que chega em meu celular, vem dele. São trinta anos de amizade e admiração mútuas.


Figura 2 – Letícia com o prof. Ivo Leite Filho por ocasião da sua defesa para professora titular da Universidade Federal Fluminense (UFF) (julho de 2018).

2) Gostaria do seu depoimento avaliando a importância dos clubes de ciências nas escolas e como isso influenciou na sua vida até mesmo na escolha da carreira acadêmica que a senhora seguiu.

O Clube de Ciências foi um divisor de águas na escola e na vida de seus integrantes. Fizemos expedições científicas ao Pantanal, trabalhamos em conjunto com os professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, participamos de feiras científicas em todo Brasil e na América do Sul. Destaco a nossa presença na 41ª Reunião Anual da SBPC, que ocorreu em Fortaleza, no ano de 1989. O prof. Ivo levou um ônibus de estudantes, com idades compreendidas entre dez e dezesseis anos para o evento. Foi algo absolutamente inovador, a organização da SBPC encontrou dificuldade, inclusive, para alojar estudantes tão novos. Este acontecimento foi impulsionador para a criação da SBPC jovem alguns anos depois. Durante a reunião científica, fiz uma apresentação oral sobre um dos nossos trabalhos no Clube. Estava na plateia o professor Crodowaldo Pavan, presidente do CNPq na ocasião. Ao final, ele olhou bem para mim e disse: “você tem um grande futuro na ciência”. O episódio teve um impacto significativo sobre mim e consolidou a minha decisão de ser CIENTISTA.  Depois disto, todas as minhas escolhas, inclusive a de qual faculdade cursar, foram norteadas por esta decisão. Fiz Farmácia na UFMS, mestrado em neurociências na USP e doutorado na mesma área na UFRJ. Ingressei na UFF como professora em 2001, em 2010-2011 fiz meu pós-doutoramento na Inglaterra. Hoje sou professora titular e já orientei diversos alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.



Figura 3 – Letícia (blusa branca no primeiro plano) na 41 ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC) na Universidade Federal do Ceará (UFCE) – (09 a 15 de Julho de 1989).

3) A senhora consegue perceber, em sua prática, o quanto da clubista ainda vive na professora?

O Clube de Ciências despertou em mim uma paixão pelo conhecimento que cresce a cada dia. O espírito crítico, a importância de boas perguntas, a interpretação cuidadosa dos resultados, as limitações da ciência, são alguns dos aprendizados que iniciei no clube de ciências e que continuam até hoje.  Ressalto também, a importância do trabalho cooperativo. Para realizar uma boa ciência é preciso de muita colaboração entre diferentes áreas do conhecimento e entre diferentes partes do mundo. Para ciência não existem fronteiras. A diversidade também leva a uma melhor ciência, pois pessoas com pontos de vista diferentes são capazes de encontrar melhores soluções para diferentes problemas. Hoje estou engajada na causa de aumentar a diversidade na ciência com o aumento da representação de mulheres, negros e minorias. A motivação para este engajamento foi plantada muito cedo, ainda na época do clube de ciências.



Figura 4 – Letícia com o seu grupo de pesquisa no dia da sua defesa para professora titular da Universidade Federal Fluminense (UFF) (julho de 2018).

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ENTREVISTA COM O PROF. ALBERTO LAZZARONI IDEALIZADOR DO CLUBE DE CIÊNCIAS CIEP 449 BRASIL FRANÇA




1-        Quais suas expectativas ao idealizar e fundar o clube de ciências?
A ideia de criar um clube de ciências sempre esteve presente na minha cabeça desde que me iniciei no magistério. Queria ser capaz de disponibilizar para os meus alunos algo que não tive enquanto estudante. A minha principal expectativa era a de criar na escola um espaço no qual professores, alunos e comunidade pudessem se reunir para discutir a ciência em seus aspectos mais amplos e diversos.

2-        Quais aspectos te surpreenderam positivamente e quais aspectos não atenderam suas expectativas?
O que mais me surpreendeu positivamente foi o fato de ter conseguido trazer à escola, durante as atividades do clube, pesquisadores renomados de diferentes instituições, com os quais os alunos dificilmente teriam contato se o clube não existisse. Outro aspecto importante foi ter conseguido criar, em parceria com o professor Robson Martins (Artes), o projeto Fossilizarte que, devido às diversas atividades que fizemos em diferentes instituições, deu visibilidade ao clube assim como à escola e com o qual fomos selecionados como finalistas para o Prêmio Shell de Educação Científica de 2017. Dentro daquilo que não atendeu às minhas expectativas posso citar a não realização de mais projetos, a falta de autonomia e proatividade por parte dos clubistas bem como a falta de uma melhor articulação do clube com outros projetos e eventos realizados na escola.

3-        Quais os principais obstáculos enfrentados na fundação e ao longo do funcionamento do clube?
No meu entendimento o principal obstáculo (e esse não temos como mudar) é o fato da escola ser integral e os alunos não terem tempo extra para se dedicar às atividades do mesmo (não existe contraturno). Um outro obstáculo é que, a despeito de todo o apoio que recebemos da direção da escola, não temos verba própria nem patrocínio. Isso dificulta muito a realização de algumas atividades, em particular as externas, que a meu ver são muito importantes nesse tipo de trabalho. Outros obstáculos foram a desistência de alguns professores em participar do clube (bem como de alguns alunos) e também o fato de alguns clubistas não se demonstrarem proativos, ficando sempre numa posição de esperar as determinações e não a de buscar soluções ou opções para o funcionamento do clube.  

4-        Quais suas aspirações futuras para o clube?
Não quero ter muitas aspirações pois existe também a possibilidade de me frustrar. No entanto, o que mais desejo (falo isso para todos os clubistas até de forma repetitiva) é que sejamos capazes de produzir mais projetos e que o clube se torne cada vez mais independente da minha participação. Quero muito ter a oportunidade de chegar na escola e ser surpreendido por eles dizendo que convidaram fulano, acertaram uma oficina com sicrano e assim por diante. O clube não pode ser de uma pessoa só e sim de toda a comunidade escolar.

5-        Como imagina que o clube de ciências pode contribuir na formação dos alunos e dos licenciandos?
Acho o clube benéfico para todos. Para os alunos da escola é uma grande oportunidade para se ter o contato inicial com a ciência, a forma como ela é fundamentada, através da leitura e discussão de artigos científicos bem como participando de oficinas e palestras ministradas por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Para os licenciandos a participação no clube também traz um grande aprendizado por lhes introduzir no ambiente escolar, palco de sua atuação futura, com uma dinâmica diferente daquela da abordagem conteudista tradicional. Isso, certamente, é um grande ganho na formação inicial de um docente.
6-        Como professor, nota que seus alunos clubistas tiveram alguma mudança de comportamento em sala de aula? Houve alteração no comprometimento com os estudos?
Não consigo quantificar isso (ainda) mas é inegável que todos aqueles que participam do clube estão mudando seu comportamento e seu olhar, não só em relação aos estudos e à escola propriamente dita mas também em relação à outras questões envolvendo a nossa sociedade. Percebe-se rapidamente, através das conversas que estabelecemos, do discurso e da postura deles, que participar do clube está fazendo sim uma grande diferença em suas vidas.

7-        O clube te trouxe novos olhares sobre aspectos educacionais ou sociais?
Me considero um professor (e um ser humano também) que desde sempre procurou estar envolvido nas discussões à sua volta. Não tenho o perfil de me omitir em nada e acho que podemos (e devemos) nos envolver em tudo que diga respeito ao nosso futuro, tanto no plano pessoal quanto no social. Dito isto, percebo que o clube certamente influenciou (e continua influenciando) no meu pensar e no meu agir. Até por conta do seu perfil agregador (reunindo várias áreas da ciência) e democrático, a cada atividade do clube temos sempre algo novo que aprendemos e que nos serve de lição e inspiração.

8-        Acredita que este é um espaço transformador e passível de ser implantado em todos os sistemas de escola?
Não só acredito como estou trabalhando nesse sentido. Minha ideia é levar um clube de ciências para cada unidade escolar do nosso país. Através deles, poderemos estreitar esse abismo sócio-cultural em que vivemos. Acredito piamente que um clube de ciências seja o passaporte através do qual construiremos uma sociedade mais justa e igualitária.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Loucos por Ciência - artigo na Ciência Hoje das Crianças

Aí pessoal, saiu o artigo sobre clubes de ciências na Ciência Hoje das Crianças.

Vale a pena dar uma conferida. É só clicar no link abaixo:

http://chc.org.br/artigo/loucos-por-ciencia/

Aguardo os comentários de vocês.

Abração.


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Senhores da ilusão

Uma das principais características do sistema é gerar nas pessoas a sensação de incompletude.

Incompletude? Como assim?

Vivemos num mundo onde as coisas nunca estão boas. Temos sempre a sensação de que algo precisa ser feito. É necessário criar a todo instante uma necessidade.

No campo material, estamos sempre em busca da casa ideal, do carro e do celular mais modernos, do corpo perfeito, da viagem inesquecível.

No campo espiritual buscamos um paraíso, um lugar idílico, longe de todos os pecados dessa vida mundana.

E é justamente aí que entram os senhores da ilusão. Pessoas que, sabendo dessas nossas "carências", aproveitam-se disso e nos "vendem" um mundo melhor. Um mundo mais seguro, um mundo mais puro, um mundo mais saudável.

Imagine você se a propaganda veiculada fosse exatamente a contrária, ou seja, de que nossa vida é plena, de que não precisamos estar sempre buscando avidamente por outras coisas. De que viveriam as grandes indústrias?

A todo instante somos bombardeados por notícias sobre violência. E quase automaticamente apresentados a um novo, eficaz e intransponível sistema de segurança.

Sentiu uma pontadinha na barriga? Com certeza é pela carência de um determinado nutriente. Mas, espere aí, já temos no mercado farmacêutico o produto X que combaterá esse problema.

Problemas emocionais? Passa esse óleo ungido aqui que resolve.

Ah, mas espera um pouco. Dizer que a vida é plena também seria ruim pois, muito certamente, levaria as pessoas a se acomodarem, ficarem na sua zona de conforto e, dessa forma, não perseguirem seus sonhos.

O que seria do mundo se não se buscassem novas tecnologias para diminuir impactos ambientais provocados por nossa civilização? Se não se buscassem novos medicamentos para combater doenças até esse momento incuráveis?

Sim, concordo plenamente. Mas o que estou tentando dizer vai além.

Mesmo que você não esteja sentindo uma necessidade, essa lhe é imposta. Isso acontece de forma direta, constante e mesmo através de mensagens subliminares.

Instaura-se na sociedade a cultura do medo, da insegurança, do "inimigo" que vem de fora, daquele que vai tomar seu espaço. Depois, aparecem os salvadores da pátria.

O resto a história conta. Os alemães que o digam. Conhecem essa história de cor e salteado.

Mas, então, qual seriam as soluções?

Não as tenho. A única certeza que tenho é que precisamos ouvir mais o nosso eu interior, tentar se desconectar um pouco dessa loucura coletiva devidamente instaurada em nossa sociedade e, logicamente, tentar criar uma sociedade mais justa e igualitária pois, certamente, essa que está aí já se mostrou insuficiente.

Fica a reflexão.